4
Revista Jurídica Trabalho e Desenvolvimento Humano
Procuradoria Regional do Trabalho da 15ª Região
BARCA, Stefania. Trabalho e crise ecológica: o dilema ecomodernista no(s) marxismo(s) ocidental(is) (1970s-2000s).
Revista Jurídica Trabalho e Desenvolvimento Humano, Campinas, v. 7, p. 1-42, 2024. DOI:
https://doi.org/10.33239/rjtdh.v7.268.
delinear um programa vermelho-verde, ou mesmo para entender onde a principal
frente de batalha está localizada no atual conflito de classe ecológico.
A abordagem deste enigma, eu defendo, requer que desenvolvamos uma
crítica à ecologia política do trabalho, ou seja, uma análise histórica material das
relações internas entre trabalho e ecologia, com foco no significado ecológico do
trabalho e as implicações políticas de interação das classes trabalhadoras com a
natureza, tanto em teoria como na práxis histórica
4
. Minha crítica se situa dentro da
perspectiva ecofeminista marxista sobre o trabalho e a agência da classe
trabalhadora. Acrescentando à noção de "ruptura metabólica"
5
, como proposto por
J.B. Foster
6,7
, o ecofeminismo marxista se concentra nas "forças de reprodução",
enfatizando o "valor metabólico"
8
produzido pelas formas de trabalho que se alocam
além dos entendimentos convencionais (ocidentais) do termo. De acordo com
Salleh
9
, "valor metabólico" indica "uma ‘outra’ esfera subliminar de trabalho e
valor”, aquela produzida por "camponeses/as, mães, pescadores/as e coletores/as
que trabalham com processos termodinâmicos naturais que satisfazem as
necessidades diárias da maioria das pessoas na Terra"
10
. Necessárias para a produção
e intercâmbio industrial, estas pessoas - ela escreve - habitam tipicamente "as
4
BARCA, S. Laboring the Earth: Transnational reflections on the environmental history of work.
Environmental History 19 (January 2014). pp. 3–27. The University of Chicago Press, 2014; RYLE, M.,
SOPER, K. Introduction: the ecology of labour. Green Letters 20(2), pp. 119–126. doi:
10.1080/14688417.2016.1164984. Acesso em: 12 dez. 2024.
5
N.T.: no original “metabolic rift” que é traduzido como “falha” ou “ruptura” metabólica.
6
“Em seu marco ecológico de Marx (2000), J.B. lembrou como - segundo Marx - o capitalismo industrial
transformou o metabolismo social em uma ‘ruptura metabólica’, ou seja, um processo de aceleração
da degradação tanto da natureza não humana quanto do trabalho.” FOSTER, J.B. Marx’s Ecology.
Materialism and Nature. Monthly Review Press, 2000.
7
FOSTER, J.B. Marx’s Ecology. Materialism and Nature. New York: Monthly Review Press, 2000;
FOSTER, J.B., CLARK, B., YORK, R. The Ecological Rift: Capitalism’s War on the Earth. New York:
Monthly Review Press, 2010; CLARK, B., YORK, R. Carbon metabolism: global capitalism, climate
change, and the biospheric rift. Theory and Society 34 (4), pp. 391–428, 2005.
8
SALLEH, A., From metabolic rift to “Metabolic Value”: reflections on environmental sociology and
the alternative globalization movement. Organization and Environment, vol 23, n. 2, pp. 205–219.
Sage Publications, Inc., 2010.
9
SALLEH, A., From metabolic rift to “Metabolic Value”: reflections on environmental sociology and
the alternative globalization movement. Organization and Environment, vol 23, n. 2, pp. 205–219.
Sage Publications, Inc., 2010.
10
SALLEH, A., From metabolic rift to “Metabolic Value”: reflections on environmental sociology and
the alternative globalization movement. Organization and Environment, vol 23, n. 2, pp. 205–219.
Sage Publications, Inc., 2010. p. 205.