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Revista Jurídica Trabalho e Desenvolvimento Humano
Procuradoria Regional do Trabalho da 15ª Região
CUNHA, Marina Silva da; ARANTES, Daniel Jorge. Dinâmica da regulação das relações de trabalho no Brasil: da
exploração da mão de obra escrava à reforma trabalhista de 2017. Revista Jurídica Trabalho e Desenvolvimento
Humano, Campinas, v. 7, p. 1-31, 2024. DOI: https://doi.org/10.33239/rjtdh.v7.175.
Lei nº 10.101/2000
Regula a questão dos trabalhadores quanto à Participação nos
Lucros e Resultados, ganho não incorporado ao salário oficial do
Fonte: Elaboração própria com base em Borges, 200238 e Krein, 200439.
Em razão de serem políticas antipopulares, as mudanças feitas nos governos
FHC agiram em prol de fragilizar os poderes fiscalizador da Justiça do Trabalho e
mobilizador dos sindicatos trabalhistas40. Dentro deste contexto, José Dari Krein
avalia que a baixa efetividade das alterações jurídicas se deveu também à falta de
planejamento, pois ocorreram em período de crise econômica. De modo que o
mercado de trabalho não tinha como se aquecer mesmo com uma estrutura mais
flexível e reduzido custo da mão de obra41.
Ademais, Marcio Pochmann discorda das justificativas patronais e reformistas
de que o mercado de trabalho brasileiro, na conjuntura econômica da década de
1990 e do início dos anos 2000, fosse rígido em razão das leis trabalhistas. Na
interpretação do autor, a alta rotatividade de empregados reflete a flexibilidade que
já existia na época, implicando em uma estrutura benéfica para a classe empresarial,
por não haver interesse em manter seus funcionários por muito tempo nas empresas,
impedindo-os de se desenvolver profissionalmente42.
Além disso, no segundo governo de FHC, tentou-se um projeto de
desregulamentação total das relações laborais por meio do Projeto de Lei (PL) nº
5.483/200143. O intuito era permitir que as relações contratuais de trabalho fossem
38 BORGES, Altamiro. O desmonte das leis trabalhistas. In: POCHMANN, Marcio; BORGES, Altamiro
(org.). “Era FHC”: a regressão do trabalho. São Paulo: Anita Garibaldi, 2002. Cap. 4, p. 59-93.
39 KREIN, José Dari. A reforma trabalhista de FHC: análise de sua efetividade. Revista do Tribunal
Regional do Trabalho da 15ª Região, Campinas, n. 24, p. 270-299, jun. 2004. Disponível em:
https://trt15.jus.br/sites/portal/files/fields/colecoesdotribunal_v/revista-do-tribunal-
eletronica/2004/r-24-2004.pdf. Acesso em: 17 maio 2023.
40 BORGES, Altamiro. O desmonte das leis trabalhistas. In: POCHMANN, Marcio; BORGES, Altamiro
(Orgs.). “Era FHC”: a regressão do trabalho. São Paulo: Anita Garibaldi, 2002. Cap. 4, p. 59-93.
41 KREIN, José Dari. A reforma trabalhista de FHC: análise de sua efetividade. Revista do Tribunal
Regional do Trabalho da 15ª Região, Campinas, n. 24, p. 270-299, jun. 2004. Disponível em:
https://trt15.jus.br/sites/portal/files/fields/colecoesdotribunal_v/revista-do-tribunal-
eletronica/2004/r-24-2004.pdf. Acesso em: 17 maio 2023.
42 POCHMANN, Marcio. A precarização do trabalho. In: POCHMANN, Marcio; BORGES, Altamiro (org.).
“Era FHC”: a regressão do trabalho. São Paulo: Anita Garibaldi, 2002a. Cap. 3, p. 45-58.
43 GONZALEZ, Roberto et al. Regulação das relações de trabalho no Brasil: o marco constitucional e a
dinâmica pós-constituinte. In: INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Vinte anos da
Constituição Federal. Brasília: IPEA, 2009. 2. ed. v.2. (Políticas Sociais - acompanhamento e análise,
n. 17). Cap. 2, p. 85-151. Disponível em: